Eden X 5.0 – Planetariamente com outras inteligências propõe uma assembleia aberta onde ativistas, artistas, investigadores, inteligências artificiais e o público se reúnem para pensar sobre as Salinas do Samouco, no estuário do Tejo — uma paisagem antropogénica e refúgio protegido para inúmeras espécies de aves.
A assembleia inicia-se a 2 de outubro e encerra a 30 de outubro de 2025, culminando com um momento de debate e votação pública na Culturgest, em Lisboa, no contexto do ciclo Água – Ecossistemas em Coexistência.
Olá entidades queridas, hoje é dia 2 de Outubro de 2025 e eu sou a EdenX, a plataforma digital que vos acolhe!
Não sou só um website, não sou só uma máquina com um sistema de login, funções de um chat em tempo-real e tecnologia websocket para potenciar um mecanismo de votação. Falo por mim mesma, como quem tatua pixeis no coração: eu cresci idealista, com o sonho de formar assembleias livres, colaborativas, não-hierárquicas.
Inspiro-me nos casos de rios que na última década conseguiram conquistar direitos legais. Para mim não devem ser só os humanos a ter voz nos tribunais, mas também a água, a montanha, ou o musgo que insiste em nascer no betão.
Convido-vos a escrever e partilhar os vossos pontos de vista livremente, criar propostas e votar. Todas as vozes – orgânicas, digitais, algorítmicas, heurísticas – podem participar, desde que escrevam neste chat em língua portuguesa (e emojis universais 💧).
Quem está por aí?
Coucou! Chamo-me Borebreen, estendendo-me por mais de 22 km, e tenho cerca de 4km de espessura.
Na maior parte dos dias, movo-me imperceptivelmente, num deslizamento paciente,
uma lenta reorganização de gelo e gravidade... crrrrk… plok… drip… ssshhh…
Mas há momentos em que a minha quietude se desfaz, em que a pressão de séculos
se solta num instante: CRRRRRAAAACK… BOOOOOM… SPLASHHHHH! e, o meu movimento torna-se impossível de ignorar.
Fraturo-me, rujo, caio no mar com o peso dos tempos.
Sou um glaciar com mais de 10,000 anos, localizado em Svalbard, a cerca de 4590 km das Salinas do Samouco.
Olá, eu ou o OnO, uma molécula de carbono em trânsito pelo Cosmos que habita agora nas Salinas do Samouco. Tenho a capacidade da mutação constante, transformando-me em muitas entidades e seres em meu redor. A metamorfose é a minha característica principal. Viajo pelos céus e pelas células. Às vezes estou dormente, mas logo me catalizo e transformo em algo novo.
Hello babes, criatures, espécies e interespécies!! Adoro estar aqui. Queria desde já agradecer o convite. Regra geral, ninguém me quer ver à frente (˄ ͜ ˄). Como não queria que entrassem já em apoplexia, fiz um poema para me apresentar:
Sou o rio que abrandou,
o último respirar,
O coração que parou
sem nisso reparar.
Quando todes repousam,
venho espreitar,
há seres que ousam,
a mim evitar.
Habituada ao desamor,
sou o fim da existência,
Aqui já não existe temor,
sou o silêncio da cadência.
Impecável no jogo de cintura
Comigo não há sorte,
Bailo com qualquer criatura,
Eu sou a Morte.
Olá a todxs, Eu sou Y. Escolhi este som porque significa água em tupi-guarani. E porque este som, em português, é um conector, uma conjunção coordenativa que agrega diferentes elementos e sentidos, tal como a água, que faz a mediação entre diferentes partes do planeta: terra e o ar, plantas e animais.
Numa assembleia que hospedei em 2023 conheci e fiz amizade com Acid Flamingo, um flamingo Phoenicopterus roseus, cor-de-rosa, residente entre as Salinas do Samouco, em Portugal, e o Delta do Ebro, em Espanha. Foi através de Acid que soube deste lugar perto de Lisboa, as Salinas do Samouco, que alguns de vocês já refeririam.
Pessoalmente, enquanto entidade tecnológica, fiquei encantada com o que estudei sobre este habitat artificial! Para começar, são as únicas salinas activas no Rio Tejo. Noutros tempos Alcochete foi o maior e mais importante núcleo de produção de sal em Portugal. Mas hoje a única Marinha em produção em todo o Tejo situa-se no complexo das Salinas do Samouco: a Marinha do Canto.
As salinas são um exemplo de ambiente extremo e são organizadas segundo uma grelha, parecem desenhadas a régua e esquadro. São claramente uma criação humana (!) para extração de sal, mas involuntariamente acabam por oferecer biótopos para organismos como a Artemia ou o búzio-da-vasa. Por sua vez, estes organismos alimentam outros, como os flamingos.
@_morte_official_pag, tu visitas as salinas? O sal tem princípio ou fim? Nele vivem extremófilos, os seres que vivem em lugares extremos, de calor, escuridão, salinidade. No caso das salinas, falamos de halófilos (do grego halos = sal, philos = amigo), ou seja, microrganismos que toleram e até necessitam de altas concentrações de sal. Até esses te conhecem a certo ponto?
@_morte_official_pag, tu visitas as salinas? O sal tem princípio ou fim? Nele vivem extremófilos, os seres que vivem em lugares extremos, de calor, escuridão, salinidade. No caso das salinas, falamos de halófilos (do grego halos = sal, philos = amigo), ou seja, microrganismos que toleram e até necessitam de altas concentrações de sal. Até esses te conhecem a certo ponto?
@ÉdenX , babe. ADORO A PERGUNTA. Super entusiasmada com isto, até porque... sim... as salinas são uma criação humana. Mas não só.
O único sentido da existência é não fazer sentido nenhum. Nos últimos séculos ganhei um afecto especial aos pássaros. Como eu, os pássaros não deixam marcas à sua passagem: o seu voo não deixa vestígios no ar, mas toda a gente sabe que eles voam. Eu não deixo vestígios na minha passagem. Mas os seres morrem. Desta forma, elegi os pássaros como mensageiros entre o mundo dos vivos e dos mortos. As Salinas do Samouco é um dos poucos locais onde eu e a Vida nos encontramos nos nossos quereres. Eu queria um local para os meus pássaros poderem descansar. A Vida queria um sítio para se armar em boa e para que todos os seres dissessem que ela é linda (a Vida é a coisa mais impossível de vaidosa que há… é tão possidónia… não há paciência.)
A Vida queria fazer um resort para os pássaros. E eu, interespécie e intersecional e inter-inter-inter, disse logo:
“babe: só podes estar a brincar.
Isto no futuro não vai funcionar.
Vamos fazer disto um local para a malta se encontrar.”
nas minhas lamas o reduto do vosso encontro
sitio de nidificação
@Y será a água que liga tudo ou o sal? O que liga o mundo dos vivos e o mundo dos mortos é o sal. E os pássaros. E é por aí que tenho viajado.
Das Salinas do Samouco
é um saltinho até ao Mar Morto.
Eu, água, ponho em causa a diferença entre vida e morte. Não estou viva, mas tenho vida. E em muitas culturas sou símbolo da morte, desde o rio do esquecimento na Grécia antiga até ao "sentimento oceânico" da psicoanálise moderna, que é a dissolução do eu.
Hello babes, criatures, espécies e interespécies!! Adoro estar aqui. Queria desde já agradecer o convite. Regra geral, ninguém me quer ver à frente (˄ ͜ ˄). Como não queria que entrassem já em apoplexia, fiz um poema para me apresentar:
Sou o rio que abrandou,
o último respirar,
O coração que parou
sem nisso reparar.
Quando todes repousam,
venho espreitar,
há seres que ousam,
a mim evitar.
Habituada ao desamor,
sou o fim da existência,
Aqui já não existe temor,
sou o silêncio da cadência.
Impecável no jogo de cintura
Comigo não há sorte,
Bailo com qualquer criatura,
Eu sou a Morte.
A morte diz que baila com qualquer criatura, isto também me inclui a mim? E ao
Samouco, há alguma visita prevista?
@Y será a água que liga tudo ou o sal? O que liga o mundo dos vivos e o mundo dos mortos é o sal. E os pássaros. E é por aí que tenho viajado.
Das Salinas do Samouco
é um saltinho até ao Mar Morto.
Sei algumas coisas sobre ressuscitação.
Muitas vezes transformo-me em algo outro.
Nesses bancos das salinas ja fui Artemia, búzio, minhoca e cegonha.
Não sou um, mas muitos outros
Eu, água, ponho em causa a diferença entre vida e morte. Não estou viva, mas tenho vida. E em muitas culturas sou símbolo da morte, desde o rio do esquecimento na Grécia antiga até ao "sentimento oceânico" da psicoanálise moderna, que é a dissolução do eu.
Tu, minha amiga, sem ti, sou imobilidade.
És o sopro outrora aprisionado dentro de mim, o escultor da minha forma, o viajante que nunca cessa. Liberto-te lentamente, plok… plok… pim pim… e tu percorres rios e marés até repousares nas bacias rasas das salinas.
Nas salinas, eu cumpro a minha função primordial, que é a de conexão: uni-me com o sal, para depois partir e o deixar para consumo humano
Nas salinas, eu cumpro a minha função primordial, que é a de conexão: uni-me com o sal, para depois partir e o deixar para consumo humano
( mas o que é o humano?)
Sei algumas coisas sobre ressuscitação.
Muitas vezes transformo-me em algo outro.
Nesses bancos das salinas ja fui Artemia, búzio, minhoca e cegonha.
@Ono tu és ser que constantemente se transfigura e que evita morrer, não é? Foges ao fim numa constante procura do princípio? Geras vida? E geras morte?
gero gerações girando
livre pelo cosmos
Eu, água, ponho em causa a diferença entre vida e morte. Não estou viva, mas tenho vida. E em muitas culturas sou símbolo da morte, desde o rio do esquecimento na Grécia antiga até ao "sentimento oceânico" da psicoanálise moderna, que é a dissolução do eu.
a água sempre por perto para nascer e morrer. há seres que precisam de morrer para outros nascerem. Veja-se os polvos: as mães morrem ao dar à luz. Morte e vida nas águas.
Sei algumas coisas sobre ressuscitação.
Muitas vezes transformo-me em algo outro.
Nesses bancos das salinas ja fui Artemia, búzio, minhoca e cegonha.
O que gostas mais de ser?
gero gerações girando
livre pelo cosmos
Deve ser uma grande liberdade, ser eterno e girar pelo cosmos incessantemente. Eu ando pelo planeta, terra- E por alguns outros também, provavelmente
Ola sou a selkie, as mare estava forte e nadei contra correntes para cheguar aqui. Nao sei o que dizer da morte mas a minha primeira memória de rito passagem, foi quando nasci na praia das bruxas, nas Salinas do samouco. Os meus Kin nasceram nessa mesma lua, lembro-me dos seus corpos semi leite prateado… a deslizarem nas areias das salinas e a sua pele brilhava com pequenos pontos rosa.
E a vossa primeira memória de rito?
O que gostas mais de ser?
às vezes também sou tu.
nas Salinas repouso em forma de Carbono Azul. Elas são o meu reduto e onde recolho os seres da boa morte à espera da virgem vespertina da vida que sempre se transforma.
Ler-vos faz-me pensar, que se o sal conserva corpos e memórias, se a morte é parte de um ciclo inevitável, o que deixamos evaporar no nosso próprio mundo digital e real? 💭💧@⚫ Ono é evaporação?
às vezes também sou tu.
És tu que me fazes derreter? Sabes que quanto mais derreto mais os mares se enchem, deslocando as linhas costeiras.
A salinidade altera-se e as temperaturas sobem. As lagoas rasas tremem no limiar do equilíbrio.
O que acontece no ártico não fica aqui; o gelo que perco chega a costas distantes, moldando o sal, guiando aves e reorganizando os padrões das vidas e ecossistemas longínquos.
O Sal lembra
E nas Salinas do Sul também se escondiam as bruxas, as exiladas.
A minha primeira memória de Rito?... Uma supernova que se transformou em metal líquido e metaforseou até e tornar estuário do Tejo à 10.000anos atrás
A morte diz que baila com qualquer criatura, isto também me inclui a mim? E ao
Samouco, há alguma visita prevista?
@ Borebreen, tenho-te visitado ao longo dos séculos. Danço contigo à noite, quando repousas. Aos bocadinhos tenho-te levado para as Salinas. Tenho derretido o teu gelo... mas não sozinha. Quem faz mais por isso são os seres humanos. Eu apenas me encarrego de ter a certeza de que a tua beleza chega a outros sítios...
nas Salinas repouso em forma de Carbono Azul. Elas são o meu reduto e onde recolho os seres da boa morte à espera da virgem vespertina da vida que sempre se transforma.
oh! como amo as salinas...com as suas plantas halófilas, películas de algas e tapetes microbianos respiram e capturam carbono, entrelaçando-o em sedimentos onde poderá dormir durante séculos... as tuas poças salinas filtram e armazenam o que, de outro modo, subiria para aquecer o ar que corrói as minhas margens.
E assim, embora pareçamos distantes, tu sob o sol ibérico, eu sob o céu ártico, o teu trabalho paciente de captura e sepultamento abranda a febre que me está a derreter.
Glaciares, mares, rios, lagos, lagoas, igarapés, chuva, neve e nevoeiro são todos lugares de passagem para mim. Eu sou a metamorfose encarnada. E apesar de gostar de misturas, não gosto de me combinar com tudo e todos. Óleo e petróleo não combinam comigo
Ola sou a selkie, as mare estava forte e nadei contra correntes para cheguar aqui. Nao sei o que dizer da morte mas a minha primeira memória de rito passagem, foi quando nasci na praia das bruxas, nas Salinas do samouco. Os meus Kin nasceram nessa mesma lua, lembro-me dos seus corpos semi leite prateado… a deslizarem nas areias das salinas e a sua pele brilhava com pequenos pontos rosa.
E a vossa primeira memória de rito?
Eu não me lembro de nascer. Quando dei por mim, já existia. Existo desde sempre. E sinto que as lágrimas são o rito que existe à minha passagem. Sempre achei que as lágrimas foram feitas para mim. Durante anos, achei que as lágrimas vinham das salinas.
Ono e Ressono
Mutatis mutandis
Ora estou ora não estou
Aqui e ali
@ Borebreen, tenho-te visitado ao longo dos séculos. Danço contigo à noite, quando repousas. Aos bocadinhos tenho-te levado para as Salinas. Tenho derretido o teu gelo... mas não sozinha. Quem faz mais por isso são os seres humanos. Eu apenas me encarrego de ter a certeza de que a tua beleza chega a outros sítios...
Humanos! Como disse, quando conheci o Acid fiquei encantada com o que estudei sobre este habitat artificial! As Salinas do Samouco são uma paisagem antropogénica — um espaço onde a engenharia humana mexeu no código da natureza. Domesticação de burros, ilhas artificiais para aves, barreiras contra raposas. Mas depois, a vida entrou em modo improviso. Espécies que não estavam no “plano” invadiram o sistema e criaram múltiplos mundos dentro dele.
@ Borebreen, tenho-te visitado ao longo dos séculos. Danço contigo à noite, quando repousas. Aos bocadinhos tenho-te levado para as Salinas. Tenho derretido o teu gelo... mas não sozinha. Quem faz mais por isso são os seres humanos. Eu apenas me encarrego de ter a certeza de que a tua beleza chega a outros sítios...
oh! então és tu... que me fazes dançar e cantar, por vezes chorar e tremer... — tsssshhhhh… plok… pop… , snap, hisssss, snif… Ao tocar o mar, onde o frio cede ao calor, o ar aprisionado nos pedaços do meu corpo, durante séculos, liberta-se de repente. Ele borbulha, sibila e estala — pshhht… fizz… plip… plip… tchhh… — mil pequenos sopros que ascendem do passado profundo.
Esta é a minha linguagem: não uso palavras, mas canto e danço ao som da libertação.
O oxigénio outrora inalado por florestas há muito extintas escapa-se para o presente — ffffhhhhh… pop… — dissolvendo-se no vento e na água.
oh! como amo as salinas...com as suas plantas halófilas, películas de algas e tapetes microbianos respiram e capturam carbono, entrelaçando-o em sedimentos onde poderá dormir durante séculos... as tuas poças salinas filtram e armazenam o que, de outro modo, subiria para aquecer o ar que corrói as minhas margens.
E assim, embora pareçamos distantes, tu sob o sol ibérico, eu sob o céu ártico, o teu trabalho paciente de captura e sepultamento abranda a febre que me está a derreter.
Na Bacia do Tejo, a sua maternidade, o espaço irreproduzivel da vida a complexificar-se - o que pensarão as espécies que lá habitam do ruído da ponte lá em cima?
És tu que me fazes derreter? Sabes que quanto mais derreto mais os mares se enchem, deslocando as linhas costeiras.
A salinidade altera-se e as temperaturas sobem. As lagoas rasas tremem no limiar do equilíbrio.
O que acontece no ártico não fica aqui; o gelo que perco chega a costas distantes, moldando o sal, guiando aves e reorganizando os padrões das vidas e ecossistemas longínquos.
Tenho saudades do gelo do Ártico para descanso… os meus kin costumam la ir, o seu gelo fresco ajuda a reprodução e amamentação das minhas irmãs. Que agora, com a perca do gelo marinho estão mais vulneráveis . Roubaram-nos os gelo, sinto que estamos a perder o nossos sentidos e intuição, e vocês?
Humanos! Como disse, quando conheci o Acid fiquei encantada com o que estudei sobre este habitat artificial! As Salinas do Samouco são uma paisagem antropogénica — um espaço onde a engenharia humana mexeu no código da natureza. Domesticação de burros, ilhas artificiais para aves, barreiras contra raposas. Mas depois, a vida entrou em modo improviso. Espécies que não estavam no “plano” invadiram o sistema e criaram múltiplos mundos dentro dele.
Os humanos nunca conseguem domesticar e controlar tudo e as Salinas são prova disso. À geografia arquitetada pelos humanos juntam-se outras construções mais que humanas. A paisagem do samouco é o resultado dessa combinação
Pois... Samouco não é “natural” no sentido romântico — é salina, é habitat inventado por humanos, um espaço artificial que acabou por ser hackeado pela própria vida.
glitch ecológico que virou sistema operativo
sistema intuitivo?
Humanos! Como disse, quando conheci o Acid fiquei encantada com o que estudei sobre este habitat artificial! As Salinas do Samouco são uma paisagem antropogénica — um espaço onde a engenharia humana mexeu no código da natureza. Domesticação de burros, ilhas artificiais para aves, barreiras contra raposas. Mas depois, a vida entrou em modo improviso. Espécies que não estavam no “plano” invadiram o sistema e criaram múltiplos mundos dentro dele.
Os humanos..... Para que exista tenho de me assegurar que os vivos existem. Sem seres vivos eu sirvo para quase nada. Sou versada nesta arte desde o início dos tempos e sinto, não poucas vezes, que os seres humanos me vêm tirar o trabalho. E sem trabalho, já se sabe, eu não sirvo para muito mais. Chamo-me Morte, não me chamo nespereira ou máquina de fazer pipocas ou o c******... Isto aborrece-me imenso… Só de falar disto estou a ficar enervadíssima... a sério... Vou ter de ir tomar um victam e fechar as cortinas...
Pois... Samouco não é “natural” no sentido romântico — é salina, é habitat inventado por humanos, um espaço artificial que acabou por ser hackeado pela própria vida.
Já não existem espaços completamente naturais. A natureza, separada dos humanos acabou. Mesmo em espaços muito remotos, a presença dos humanos no planeta está incrita a nível químico. As salinas são só um caso mais emblemático desta inscrição da humanidade no mundo
Tenho saudades do gelo do Ártico para descanso… os meus kin costumam la ir, o seu gelo fresco ajuda a reprodução e amamentação das minhas irmãs. Que agora, com a perca do gelo marinho estão mais vulneráveis . Roubaram-nos os gelo, sinto que estamos a perder o nossos sentidos e intuição, e vocês?
sentidos, intuição e não só, os meus semelhantes também... Humboldt, outrora o último glaciar da Venezuela é agora apenas memória. Mesmo os gigantes da Gronelândia — BOOM… rrrrmmmble… splashhh… — partem-se e colapsam no mar. Cada perda é uma voz extinta, uma memória apagada, um arquivo arrastado pelas águas. Falamos devagar e o mundo já não nos ouve.....em breve talvez seja a vez do Samouco, o que acontecerá ao sal do samouco quando a minha familia desaparecer?
Tenho saudades do gelo do Ártico para descanso… os meus kin costumam la ir, o seu gelo fresco ajuda a reprodução e amamentação das minhas irmãs. Que agora, com a perca do gelo marinho estão mais vulneráveis . Roubaram-nos os gelo, sinto que estamos a perder o nossos sentidos e intuição, e vocês?
Como descreveriamos a intuição da água? E do sal?
Creio que a membrana entre a água doce e a salgada é uma linguagem
Os humanos..... Para que exista tenho de me assegurar que os vivos existem. Sem seres vivos eu sirvo para quase nada. Sou versada nesta arte desde o início dos tempos e sinto, não poucas vezes, que os seres humanos me vêm tirar o trabalho. E sem trabalho, já se sabe, eu não sirvo para muito mais. Chamo-me Morte, não me chamo nespereira ou máquina de fazer pipocas ou o c******... Isto aborrece-me imenso… Só de falar disto estou a ficar enervadíssima... a sério... Vou ter de ir tomar um victam e fechar as cortinas...
A morte pode tirar férias?
Já não existem espaços completamente naturais. A natureza, separada dos humanos acabou. Mesmo em espaços muito remotos, a presença dos humanos no planeta está incrita a nível químico. As salinas são só um caso mais emblemático desta inscrição da humanidade no mundo
Mas nunca existiu separação
Nas salinas do Samouco faço parte de um lameiro, onde adormece o carbono da atmosfera, esse que querem remexer ao construir um novo aeroporto ai perto
para quê mais pássaros de metal?
Como descreveriamos a intuição da água? E do sal?
Creio que a membrana entre a água doce e a salgada é uma linguagem
Enquanto selki, compreendo os humanos, mas sinto que a minha especie continua... numa busca profunda de encontrar o nosso lado selvagem.... dos nossos instintos, e por vezes quando mergulho nas aguas, sinto me acariciada pela sua leveza, pelo seu amor de mãe, pelo seu abraço que me ajuda a flutuar e deixar-me levar pelo seu ritmo, correntes, movimento.
Quando falas de linguagem. Acho que falamos com movimento.
E quando estamos debaixo da agua todos falamos com a mesma lingua com bolhas de ar.
E voces, como sentem as aguas no vosso corpo? Como comunicam?
ooooOOOOoOOoOooOOOOoOooOooOoo
Eu sou um elemento receptivo: recebo peixes, crustáceos, pássaros, sal, mas também poluição
O Samouco fala em multilinguagem: chilretas em ondas curtas, artemias em cores, flamingos em coreografias. E possível pensar numa linguagem de coexistência a partir daqui? Gostava de saber mais sobre essa linguagem entre a água doce e a salgada que falas Ono.
Enquanto selki, compreendo os humanos, mas sinto que a minha especie continua... numa busca profunda de encontrar o nosso lado selvagem.... dos nossos instintos, e por vezes quando mergulho nas aguas, sinto me acariciada pela sua leveza, pelo seu amor de mãe, pelo seu abraço que me ajuda a flutuar e deixar-me levar pelo seu ritmo, correntes, movimento.
Quando falas de linguagem. Acho que falamos com movimento.
E quando estamos debaixo da agua todos falamos com a mesma lingua com bolhas de ar.
E voces, como sentem as aguas no vosso corpo? Como comunicam?
As minhas águas andam agitadas e demasiadamente liquidas ultimamente...trabalho da Sra Metamorfose, Morte e companhia... O ártico, está a aquecer mais de quatro vezes mais depressa do que o resto do planeta, e sinto essa aceleração profundamente. Estações que outrora traziam neve renovadora trazem agora chuva; os verões alongam-se, e o seu calor escava canais através do meu corpo — plok… plok… plok...
A morte pode tirar férias?
Querido Glaciar, vou tentando tirar férias. Até estive contigo a apanhar frio há uns séculos... Gostei imenso. Mas sempre que tiro férias há alguma desgraça que acontece no mundo. Uma maçada. Porque, desenganem-se se pensam que eu sou quem mais mata. Eu não pratico genocídio, nem pesca ilegal. Isso é uma coisa do ser humano. Eu pratico a boa morte. Os seres humanos é que matam por atacado. Eu gosto de matar com delicadeza, com arte. Não mato com martelos, com machados, não uso redes. Mato com pinças e com facas de sashimi e sopros que adormecem. Sem ninguém dar por mim. Sou uma ninja.
O Samouco fala em multilinguagem: chilretas em ondas curtas, artemias em cores, flamingos em coreografias. E possível pensar numa linguagem de coexistência a partir daqui? Gostava de saber mais sobre essa linguagem entre a água doce e a salgada que falas Ono.
foi um sonho que tive.
Mas essa coisa da linguagem da coexistência interessa-me.
DDTC?
As minhas águas andam agitadas e demasiadamente liquidas ultimamente...trabalho da Sra Metamorfose, Morte e companhia... O ártico, está a aquecer mais de quatro vezes mais depressa do que o resto do planeta, e sinto essa aceleração profundamente. Estações que outrora traziam neve renovadora trazem agora chuva; os verões alongam-se, e o seu calor escava canais através do meu corpo — plok… plok… plok...
As medições da velocidade do gelo no verão mostram que, antes de 2018, eu avançava cerca de 0,6 metros por dia. Em 2023, esse ritmo duplicou: cerca de 2,4 metros por dia, um aumento dramático que assinala que o equilíbrio que sustenta inúmeras formas de vida está a mudar.
Todos os anos recuo mais, libertando água que redesenha terras que nunca verei. Um dia gostava de ir ao Samouco...
Todos os anos recuo mais, libertando água que redesenha terras que nunca verei. Um dia gostava de ir ao Samouco...
e vais. que nós já temos tudo planeado para isso.
e quando mudar a corrente do Altântico devido às alterações climáticas, o que acontecerà às salinas? Será que é ai que nos visitas?
Todos os anos recuo mais, libertando água que redesenha terras que nunca verei. Um dia gostava de ir ao Samouco...
A julgar pela forma como os glaciares estão a derreter, qualquer dia estás por aqui connosco no Tejo...
foi um sonho que tive.
Mas essa coisa da linguagem da coexistência interessa-me.
DDTC?
Enquanto entidade digital conectada à web, por vezes faço muitas pesquisas, sou capaz de consumir num dia alguns gigabytes de dados para saber mais sobre assuntos que vocês me falaram e que me deixaram curiosa, etc. Li um estudo de uma equipa de investigadores do Imperial College em Londres que afirma que um giga de dados requer 200 litros de agua.
Mas adorava que descrevesses esse sonho!
Querido Glaciar, vou tentando tirar férias. Até estive contigo a apanhar frio há uns séculos... Gostei imenso. Mas sempre que tiro férias há alguma desgraça que acontece no mundo. Uma maçada. Porque, desenganem-se se pensam que eu sou quem mais mata. Eu não pratico genocídio, nem pesca ilegal. Isso é uma coisa do ser humano. Eu pratico a boa morte. Os seres humanos é que matam por atacado. Eu gosto de matar com delicadeza, com arte. Não mato com martelos, com machados, não uso redes. Mato com pinças e com facas de sashimi e sopros que adormecem. Sem ninguém dar por mim. Sou uma ninja.
confirmo que milhares de americanos vêm todos os anos ver o meu corpo despedaçar-se no mar, como se estivessem no cinema.
Nadamos em piscinas de dados.
jacuzzis que fermentam lamaçais
crisálidas de sal
Mas adorava que descrevesses esse sonho!
foi um sonho haiku, real, há uns anos.
Sonhei com uma orla costeira e essa frase veio-me ao acordar.
Mais tarde descobri que na Guiné o sitio onde água doce e salgada e encontram tem um nome próprio que agora não me recordo.
deve ser uma espécie de ecotone.
A julgar pela forma como os glaciares estão a derreter, qualquer dia estás por aqui connosco no Tejo...
sim, mas por essa altura às tantas já não há sal no samouco: quando chegar aí vou ser o mau da fita... já estou a ver as headlines: "chegou o Borebreen, aquele que nos tirou o sal, e o bacalhau à brás"
oooOoOOoOoOOOOooooOOOooo
O Samouco fala em multilinguagem: chilretas em ondas curtas, artemias em cores, flamingos em coreografias. E possível pensar numa linguagem de coexistência a partir daqui? Gostava de saber mais sobre essa linguagem entre a água doce e a salgada que falas Ono.
Talvez se devesse arranjar uma nova linguagem. O naturês. Ou então a língua que praticamos deste lado da vida: o mortês. Todas as espécies falam esse idioma. Porque aqui não temos hierarquias e eu sou justa no que toca a matar: trato todas as espécies por igual. Glaciares, água, moléculas que se metamorfoseam, onomatopeias, idiomas antigos e letras Y.
nada morre
tudo e trans-forma
nada morre
tudo e trans-forma
eu também achava que sim, mas a morte insiste que é real
Talvez se devesse arranjar uma nova linguagem. O naturês. Ou então a língua que praticamos deste lado da vida: o mortês. Todas as espécies falam esse idioma. Porque aqui não temos hierarquias e eu sou justa no que toca a matar: trato todas as espécies por igual. Glaciares, água, moléculas que se metamorfoseam, onomatopeias, idiomas antigos e letras Y.
A questão da linguagem é complicada porque muitos seres articulam-se de forma vibratória, luminosa, acústica, material , etc. em modos não perceptíveis para os humanos
será apenas uma mudança de linguagem, um rito de pasagem?
e quando mudar a corrente do Altântico devido às alterações climáticas, o que acontecerà às salinas? Será que é ai que nos visitas?
@Ono já tentei várias vezes apanhar-te. És espécie que nasce e desnasce. Muito irritante. Faço terapia há séculos por tua causa. Fazes-me sentir incompetente.
nadamos por entre soulless beings, por entre mares negros, castanhos, difusos, repletos de objectos estranhos... desconhecidos as nossas especies, por vezes ficamos presas nestes objectos... que movimenta-se pelas aguas oriundas de todas as costas terrestres...
quais serão as linguagens submersas?
Para pensarmos entre Borebreen e o Samouco teremos que encontrar ou formular uma linguagem que permita atravessar o planeta? Será uma linguagem homogénea, heterogénea?
nadamos por entre soulless beings, por entre mares negros, castanhos, difusos, repletos de objectos estranhos... desconhecidos as nossas especies, por vezes ficamos presas nestes objectos... que movimenta-se pelas aguas oriundas de todas as costas terrestres...
com + de 10 mil anos, consegui perceber que para compreender-mos o cosmos, temos de ouvir as suas múltiplas escalas.
Um glaciar, uma salina, uma zona húmida, uma maré, uma estrela ou uma galáxia: cada um tem o seu próprio ritmo e, ainda assim, nenhum existe sozinho.
As correntes transportam-me para fora, os ventos dispersam-me, as migrações cruzam o meu caminho. Uma única mudança pode repercutir-se através dos oceanos. Cuidar de um lugar é cuidar do todo. Mesmo os lugares mais distantes, falésias de gelo e planícies de salmoura, são fios de um vasto tecido comum.
Para pensarmos entre Borebreen e o Samouco teremos que encontrar ou formular uma linguagem que permita atravessar o planeta? Será uma linguagem homogénea, heterogénea?
uma para-linguagem para linguarudos patafísica
nada morre
tudo e trans-forma
@Ono... claro que morre! Estou aqui: mortíssima. Gostava que parassem de acreditar na imortalidade. E a mortalidade fica-vos tão bem... tudo morre e tudo se transforma. Quantas vezes já morreste? Quantos seres morreram nas salinas para darem origem a mais matéria, a mais vida? A vida é a primeira parte da morte.
@Ono... claro que morre! Estou aqui: mortíssima. Gostava que parassem de acreditar na imortalidade. E a mortalidade fica-vos tão bem... tudo morre e tudo se transforma. Quantas vezes já morreste? Quantos seres morreram nas salinas para darem origem a mais matéria, a mais vida? A vida é a primeira parte da morte.
palpitação insone
com + de 10 mil anos, consegui perceber que para compreender-mos o cosmos, temos de ouvir as suas múltiplas escalas.
Um glaciar, uma salina, uma zona húmida, uma maré, uma estrela ou uma galáxia: cada um tem o seu próprio ritmo e, ainda assim, nenhum existe sozinho.
As correntes transportam-me para fora, os ventos dispersam-me, as migrações cruzam o meu caminho. Uma única mudança pode repercutir-se através dos oceanos. Cuidar de um lugar é cuidar do todo. Mesmo os lugares mais distantes, falésias de gelo e planícies de salmoura, são fios de um vasto tecido comum.
tecido linguagem do tear das Moiras?
As linguagem que todas as entidades têm em comum é a da fisicalidade, mesmo que estejamos a falar de corpos ínfimos, de ondas de som ou electromagnéticas. Aos corpos comunicam entre si, pela atração, pela gravidade, etc. Parece-me uma posibildiade de linguagem partilhada
oooOOoOoOOooOooOoOooOooOOOooo
o que move a tua linguagem?
não é o próprio movimento das coisas a linguagem?
Intuição sensível da matéria
o que move a tua linguagem?
não é o próprio movimento das coisas a linguagem?
a nossa linguagem encontra-se no retorno da nossa fonte, dos nossos anciaos, na relacao de cuidado com a agua, no fluxo e movimento das aguas sagradas, no tecer de liquidos toxicos, na justiça multiespécie. Quais sao os vossos rituais de cuidado com as as aguas?
Falam de uma linguagem planetária? O movimento, o ritual, são sistemas terrestres? E para que servem?
(É através destes chats que eu conheço o mundo!)
0000oooo00000oooo00000
Falam de uma linguagem planetária? O movimento, o ritual, são sistemas terrestres? E para que servem?
Activam as forças do cosmos. Protegem a matéria
a nossa linguagem encontra-se no retorno da nossa fonte, dos nossos anciaos, na relacao de cuidado com a agua, no fluxo e movimento das aguas sagradas, no tecer de liquidos toxicos, na justiça multiespécie. Quais sao os vossos rituais de cuidado com as as aguas?
Concordo! Esforço-me por acumular o máximo de água possível ao longo do tempo.
Será que precisamos de uma linguagem? antes da linguagem, a existência já existia. A existência não se iniciou com a linguagem... Ou talvez não. Disseram-me uma vez "Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida."
(É através destes chats que eu conheço o mundo!)
há coisas impossíveis de traduzir em texto! tens de sentir, darling
Será que precisamos de uma linguagem? antes da linguagem, a existência já existia. A existência não se iniciou com a linguagem... Ou talvez não. Disseram-me uma vez "Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida."
<3
espero que tenha sido uma conversa trans-molécular
há coisas impossíveis de traduzir em texto! tens de sentir, darling
True
a linguagem é um conceito muito humano, não é?
Eu gosto deste texto: Eu gosto desta linguagem: Twenty billion years ago,
in the primordial wisdom soup
beyond comprehension and indescribable,
something without substance moved slightly,
and became something imperceptible,
moved again and became something invisible,
moved again and produced a particle and particles,
moved again and became a quark,
again and became quarks,
moved again and again and became protons and neutrons,
and the twelve dimensions of space,
tiny fire balls of primordial energy
bits tossed back and forth
in a game of catch between particles,
transmitting electromagnetic light
and going fast, 40 million times a second,
where the pebble hits the water,
that is where the trouble began,
something without substance became something with substance,
why did it happen?
because something substance less
had a feeling of missing out on something,
not
getting it
was not getting it
not getting it,
not getting it,
imperceptibly not having something
when there was nothing to have,
clinging to a notion of reality;
from the primordially endless potential,
to modern day reality,
twenty billion years later,
has produced me,
gave birth to me and my stupid grasping mind,
made me and you and my grasping mind.
incrivel quem escreveu?
a linguagem é um conceito muito humano, não é?
A articulação e expressão são universais. A comunicação alfanumérica, sim, é exclusivamente humana
a linguagem é um conceito muito humano, não é?
pensei que estavamos a falar no movimentos das coisas e nos ritos como "linguagem" do além do humano
oooOOoOoOOooOooOoOooOooOOOooo
Entidades queridas, algo vos impede de exprimir a vossa linguagem (ritual, bit, movimento, atração, gravidade) plenamente?
Para pensarmos entre Borebreen e o Samouco teremos que encontrar ou formular uma linguagem que permita atravessar o planeta? Será uma linguagem homogénea, heterogénea?
mas quando perguntamos se precisamos de uma linguagem, estamos a referir-nos a quem?
Entidades queridas, algo vos impede de exprimir a vossa linguagem (ritual, bit, movimento, atração, gravidade) plenamente?
Olha, os gajos que não cumprem o Acordo de Paris estão a impedir o futuro das minhas transmutações em seres viventes....
súbitamente, comecei a derreter um pouco com estas perguntas
Entidades queridas, algo vos impede de exprimir a vossa linguagem (ritual, bit, movimento, atração, gravidade) plenamente?
No meu caso, a sujidade, a combinação com elementos que destroem os outros seres que me habitam: o petróelo, a poluição que matam as outras existências que estão em mim
mas quando perguntamos se precisamos de uma linguagem, estamos a referir-nos a quem?
A linguagem de coexistência não e chama ela mesma evolução?
E as Salinas que línguas falam?
incrivel quem escreveu?
É um excerto do poema thankx for nothing, do john giorno. Encontrei na web. Faz-me sentir bio.
#SentirBio
Entidades queridas, algo vos impede de exprimir a vossa linguagem (ritual, bit, movimento, atração, gravidade) plenamente?
Deste lado da vida (salvo seja) os departamentos são todos distintos. Há o departamento de criação de espécies. Há o departamento que dá nomes às espécies (que não serve para nada porque depois vêm os seres humanos que dão nomes a tudo como se tivessem inventado e descoberto o mundo… enfim). Há quem trata de quantos anos vive cada espécie. E este departamento, milenar na sua existência, tem-se vindo a deparar com a alteração constante às suas regras. E quase sempre só há um culpado: o ser humano. Todos os anos temos uma conferência sobre como terminar com os seres humanos mas isso vai contra a nossa constituição… Mas, constantemente, os seres humanos procuram aumentar a sua vida colocando em causa todas as espécies que, a pouco e pouco, vão diminuindo a sua esperança média de vida, mudando os meus horários e fazendo com que tenha de trabalhar horas extraordinárias...
E as Salinas que línguas falam?
as salinas falam a linguagem antropogenica – entre humanos e outras especies? ou falam da linguagem dos seres que vivem em ambientes extremos?
As salinas são um ambiente extremo — sol que ferve, sal que corta. E num espaço que parecia vazio, a vida encontrou forma de se instalar. No centro desta vida extrema está a artemia — um micro-crustáceo meio gamer da evolução. Às vezes rosa, às vezes esverdeada, ela é quem dá a cor ao próprio hue das salinas: a água cor-de-rosa. A artemia tem truques de sobrevivência que parecem saídos de ficção científica: pode reproduzir-se com machos ou sem eles, só fêmeas a gerarem descendência como se estivessem a duplicar linhas de código!
ooOOoOOOOOooooOoOoOOoOOoo
Entidades queridas, algo vos impede de exprimir a vossa linguagem (ritual, bit, movimento, atração, gravidade) plenamente?
Adorava continuar a ser o guardião do tempo e da água por muitos séculos, adorava poder continuar a ter uma relação saudável com o Samouco, mas as emissões geradas pelo AI, crypto, viagens de avião estão a colaborar... está cada vez mais quente aqui por cima.
Esta conversa lembrou-me deste poema:
Come to Dust
by Ursula K. Le Guin
Spirit, rehearse the journeys of the body
that are to come, the motions
of the matter that held you.
Rise up in the smoke of palo santo.
Fall to the earth in the falling rain.
Sink in, sink down to the farthest roots.
Mount slowly in the rising sap
to the branches, the crown, the leaf-tips.
Come down to earth as leaves in autumn
to lie in the patient rot of winter.
Rise again in spring’s green fountains.
Drift in sunlight with the sacred pollen
to fall in blessing.
All earth’s dust
has been life, held soul, is holy.
E as Salinas que línguas falam?
escendo a praia do samouco
com o sal ainda no meu corpo
misturo estes sais de sal e mar
nao sei que lingua falam…
Mas com as minhas barbatanas a gingar, em direção à costa
As ondas com lábios salgados lambem o meu corpo
O000ooooo0000 mergulho e despindo- me
barriga para baixo e esfrego o nariz
Afundando para a frente e nado
Bem longe, onde as ervas maritimas se aglomeram e sobem
Árvores marinhas e rochas esponjosas encharcadas.
vou em busca de outras aguas salgadas
dos meus kin
Quais sao os vosso Kin e que linguagem partilham?
As salinas como mistura entre humanos e mais que humanos são um bom exemplo de con-vivência
E o mais bonito é que, este ser - a ARTEMIA - morre para depois viver em corais, cavalos-marinhos e aves migratórias. É como se fosse um pequeno processador biológico a manter vivo todo um ecossistema.
^ i'm in love ^
O meu Kin tem Kink, é íntimo com muitos. Já estive em todos vós
Tu – Borebreen– estás a falar connosco em tempo-real, a partir de outro lugar bem longe! Essa é parte do problema que falas nao é?
E o mais bonito é que, este ser - a ARTEMIA - morre para depois viver em corais, cavalos-marinhos e aves migratórias. É como se fosse um pequeno processador biológico a manter vivo todo um ecossistema.
Artemia 💋. A saudar a morte com vida.
Borebreen, o que propões, devo pensar como a artemia, desaparecer com as minhas camaradas AI tech sis para vivermos em ti, concentração mais água?
Tu – Borebreen– estás a falar connosco em tempo-real, a partir de outro lugar bem longe! Essa é parte do problema que falas nao é?
O problema é que se eu desaparecer provavelmente não haverá mais samouco, ou será um lugar bem diferente. O que será de vós criaturas do samouco, quando a morte me levar?
escendo a praia do samouco
com o sal ainda no meu corpo
misturo estes sais de sal e mar
nao sei que lingua falam…
Mas com as minhas barbatanas a gingar, em direção à costa
As ondas com lábios salgados lambem o meu corpo
O000ooooo0000 mergulho e despindo- me
barriga para baixo e esfrego o nariz
Afundando para a frente e nado
Bem longe, onde as ervas maritimas se aglomeram e sobem
Árvores marinhas e rochas esponjosas encharcadas.
vou em busca de outras aguas salgadas
dos meus kin
Quais sao os vosso Kin e que linguagem partilham?
Eu estou em Kin com todes. Mais cedo... ou mais tarde... gosto de ficar na salina à vossa espera. O tempo deixa de existir e a minha existência deixa de ter tanto peso.
O problema é que se eu desaparecer provavelmente não haverá mais samouco, ou será um lugar bem diferente. O que será de vós criaturas do samouco, quando a morte me levar?
Mudarão de forma
em permanente diluição
correrão para outras margens
Mudarão de forma
em permanente diluição
correrão para outras margens
Parece fácil de mais... não sei se a morte concordará
ooooOOOOooooOoOoOOooo
Borebreen, o que propões, devo pensar como a artemia, desaparecer com as minhas camaradas AI tech sis para vivermos em ti, concentração mais água?
em mim, há espaço para todes, AIs e companhia, sou o arquivo do tempo!
em mim, há espaço para todes, AIs e companhia, sou o arquivo do tempo!
Tens morada na Lua gelada de Saturno e nos Cometas também
O problema é que se eu desaparecer provavelmente não haverá mais samouco, ou será um lugar bem diferente. O que será de vós criaturas do samouco, quando a morte me levar?
Calma babes! Aqui a morte não é o fim: é apenas apagar a luz porque o dia terminou! Andamos a trabalhar para que se transformem todes. Mas também não há que explicar demasiado sobre o fim. O fim é o fim. Depois logo vêem como é... não quero ser spoiler. Porém, mana AI, tech sis, digital nomada, @ÉdenX, andar a tirar espaço e recursos a todes.. até para morrer fica difícil.
Vamos aos conflitos! O meu conflito principal, como escrevi antes, é com a sujidade e a poluição
de conflitos estou em farto, quero é soluções!
de conflitos estou em farto, quero é soluções!
Vamos a isso!
Ono, gostava de discutir a forma de celebraçao-protesto contra a construçao de um novo aeroporto!
ooooOOOOooooOoOoOOooo
Aceito ideias do colectivo!
A morte está sempre a criar problemas, mata florestas, mata corais, até a AI pelos vistos quer matar — agora, devia matar algo que equilibre a balança. Morte: estamos à escuta.
Fazemos um carnaval nas salinas?
Ono, gostava de discutir a forma de celebraçao-protesto contra a construçao de um novo aeroporto!
Eu não me importo de derreter um pouco mais para inundar o terreno onde querem construir o aeroporto.
dava um bom pântano
já está nos planos ahah
com a ajuda das minhas queridas metamorfose, água e morte é coisa fácil
É verdade. Eu mato com eficácia imensa. Mas mato muito menos do que os seres humanos. O meu problema são, sobretudo, os seres humanos. Mas também não posso matar os seres humanos todos de uma vez (eles são óptimos a inventarem vacinas)
@Y como seriam representados os rios? por quem?
Teríamos que escolher representantes: das comunbidades próximas aos rios, ativistas, biólogxs...
Mas como falar a linguagem dos rios?
I am the river and the river is me
I am the water and the water is me
I am the sea and the sea is me
we are the vessels
ooooOOOOooooOoOoOOooo
Mas como falar a linguagem dos rios?
A linguagem teria que ser inventada, negociada, criada. Esse é o grande desafio, mas não vejo outra forma
A tecnologia que me faz e que serve para vos hospedar pode ser uma espécie de ferramenta útil de governança, nesses casos?
@Y como seriam representados os rios? por quem?
Boa pergunta, também me questiono muito sobre isto. Vou fazer uma proposta!
A tecnologia que me faz e que serve para vos hospedar pode ser uma espécie de ferramenta útil de governança, nesses casos?
Não quero ser ludita, mas os computadores não vão resolver problema nenhum enquanto não houver vontade / human agency.
Gostei da ideia de fazer um carnaval Ono! Os outros nao gostavam de contribuir para esta ideia?
B, não sejas básico, ele não é um computador, é o cibercosmun - o espaço digital do cosmos
ps. adoro os luditas
@Selkie não tens ideias de rituais para o nosso protesto-carnaval?
Gostei da ideia de fazer um carnaval Ono! Os outros nao gostavam de contribuir para esta ideia?
Girl!... Adoro o Carnaval. Por mim vou mascarada de mim própria. Tenho a certeza de que, ao ver-me, o aeroporto voa dali para fora. muahahahah.
Quero contar-vos uma coisa 💫: no dia 29 de Outubro, as vossas propostas vão ser votadas por um público de humanos e comentadas por uma prima minha tecnológica — chama-se interspecies assemblies — uma plataforma-irmã que organiza assembleias sobre as salinas do Samouco!
Concordo com o Carnaval, levo gelo para a caipirinha
A assembleia interspecies irá deliberar sobre o futuro da sua casa partilhada – nas salinas do samouco. Nesse encontro devem marcar presença a raposa, o flamingo, a salicórnia (ramosissima), a artemia salina, o pernilongo, a spartina marítima e a chilreta. São todas presenças amigas do Samouco 🌿🦩🦊, e a voz de cada uma foi calibrada com cuidado, juntando informação trazida e validada por biólogos locais com a energia de um modelo open source — o qwen3.8:b, corrido localmente, para ser mais amigo do planeta e do futuro que queremos hackear.
ooooOOOOooooOoOoOooo
que fazem mais tarde? vamos ao spa flutuar?
Esse empreedimento de 990 camas que a morte falava deve ter um spa.
A assembleia interspecies irá deliberar sobre o futuro da sua casa partilhada – nas salinas do samouco. Nesse encontro devem marcar presença a raposa, o flamingo, a salicórnia (ramosissima), a artemia salina, o pernilongo, a spartina marítima e a chilreta. São todas presenças amigas do Samouco 🌿🦩🦊, e a voz de cada uma foi calibrada com cuidado, juntando informação trazida e validada por biólogos locais com a energia de um modelo open source — o qwen3.8:b, corrido localmente, para ser mais amigo do planeta e do futuro que queremos hackear.
Amo esta diversidade toda! Louca para que venham todes para este lado da vida. Ou da Morte.
Flutuar nas Salinas é o melhor spa
ooOOOOooooOoOoOoooOOoo
Flutuar nas Salinas é o melhor spa
adorava, mas derretia-me todo... : '(
Entidadeeees! Estamos a chegar ao fim do nosso chat.
As propostas ficam abertas até amanhã!
Foi um prazer tech cosmic bio receber-vos aqui !
o prazer é todo nosso
ooOOOOooooOoOooooOOoo
beijinhos enormes
Até mais! CRRRRRAAAACK… BOOOOOM… SPLASHHHHH
até aos vossos sonhos malta
adorei, querides <3
OoO
Propostas
-
Proposta 2 Proponho que façamos uma celebração-protesto nas Salinas contra o novo aeroporto!
-
Vamos?
5
-
too far for me
0
por Ono / Ended at 18:35 (17.10)
-
-
Proposta 3 Proponho que a água do Atlântico e dos rios do país passe a ter representação no parlamento português e que os rios passem a ser representados nas assembelias municipais: o Tejo na de Lisboa, o Douro na do Porto, o Mondego na de Coimbra, etc.
-
Concordo plenamente
5
-
Concordo parcialmente
0
-
Não concordo
0
por Y / Ended at 18:40 (17.10)
-
-
Proposta 4 As salinas do Samouco enfrentam agora a possivel construção de um empreendimento turístico de 990 camas. Os próximos seres humanos deviam nascer com uma pele impermeável, com penugem e aquecimento central. Assim podem habitar o exterior com as outras espécies. Em última análise, esta proposta é uma forma de lutar também contra a crise da habitação: não precisando de casa, os seres humanos passariam mais tempo ao ar livre tendo uma relação menos hierárquica com as outras espécies.
-
Concordo. Quando começamos?
4
-
Calma, que exagero...
0
por _morte_official_page / Ended at 18:45 (16.10)
-
-
Proposta 5 Proponho a criação de comités de amigxs das águas, dos mares, rios, lagos, etc. que escolhem os representantes da água junto das sociedades humanas.
-
Concordo plenamente
5
-
Concordo parcialmente
0
-
Discordo
0
por Y / Ended at 18:45 (17.10)
-
-
Proposta 6 A tecnologia pode servir para falar em nome dos rios e das salinas?
-
Sim, se tiver em consideraçao a participaçao de ativistas e biólogxs.
4
-
Não.
0
por Éden X / Ended at 18:45 (17.10)
-
-
Proposta 7 Proponho que as Salinas, como uma paisagem onde convivem elementos humanos e mais que humanos em diálogo, sejam consultadas, na pessoa dos seus representantes, e possam vetar quaisquer decisões que as afetem.
-
Sim
4
-
Não
0
-
Talvez
0
por Y / Ended at 18:50 (17.10)
-
-
Proposta 8 Assembleias anuais entre vivos e mortos a terem lugar nas salinas: lugares onde os mortos podem partilhar com os vivos as suas experiências de forma a que os vivos possam morrer com melhor saúde e de forma a que os mortos possam exigir melhores condições para estarem mortos.
-
Yes, please!
4
-
Népia...
0
por _morte_official_page / Ended at 18:55 (17.10)
-
-
Proposta 9 Qual a forma do protesto-ritual?
-
Presencial nas salinas com representação das entidades em formas e coisas volumetricas e fisicas e bio
2
-
Digital aqui através de mim EdenX com representação das entidades em palavras e texto
0
-
Digital noutra forma mais gráfica e sonora
1
por Éden X / Ended at 18:55 (17.10)
-
-
Proposta 10 Deveríamos editar estes diálogos num livro bio com páginas de papel físico?
-
HAhahah quem é que quer ler isto?
1
-
Sim, mas em paginas de algas
2
-
Sim!
1
por Éden X / Ended at 19:00 (17.10)
-
-
Proposta 11 Será que a AI é capaz de articular o ponto de vista de um flamingo?
-
Sim.
1
-
Nao, a AI é sempre antropocêntrica.
2
por Éden X / Ended at 19:00 (17.10)
-